Sabático: To de volta mas não acabou!

Marco Rosner
4 min readDec 21, 2022

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Escolhi escrever esse texto já em solo brasileiro porque eu precisava viver a emoção da chegada e posso dizer que foi um dos pontos altos dessa etapa. Quando o comandante anunciou a chega em Guarulhos, eu entrei num mergulho profundo nesses últimos 5 meses. Lembrando de todas as pessoas, histórias, dores, alegrias, amigos que fiz, encontros, reencontros e, principalmente, agradecendo por ter embarcado nessa sem saber o que me esperava mas certo que, independente do resultado, eu iria aprender muito. No fim, me vi rindo, abraçando a mim mesmo e com uma total certeza de que valeu a pena mas esse aqui é o meu lugar!

Início: Marrocos?
Quando tava escrevendo o texto sobre o Marrocos, eu já estava me questionando se o sabático tinha mesmo começado ali. Semanas depois eu entendi que desde o processo de decisão de ir ou não para o sabático e tudo o que envolveu ele já era, de certa maneira, o sabático. Já era um processo de introspecção e entendimento do que eu queria pra mim. Mas, depois que entendi isso, me veio outra pergunta: Qual o motivo de identificar “o início”? Dizer que durou 6 meses? 1 ano? Uma jornada como essa não se mede em meses e sim na intensidade das experiências.

Importância de sair da zona de conforto
Desde que eu comecei a idealizar o sabático, eu pensei sobre qual o motivo de sair do país. “Se não é turismo, porque eu preciso sair do país?”. A resposta veio logo nos primeiros dias em Marrocos, onde eu vi que nada do que eu chamava de “sair da zona de conforto” aqui no Brasil era, nem de perto, parecido com aquilo. Não conhecer a cultura, não conhecer ninguém, não conseguir se comunicar com palavras! E foi incrível, porque é quando você saí da zona de conforto que você se descobre e se coloca, verdadeiramente, a prova.

Saldo
Inicialmente pensei em fazer um levantamento de números aqui mas entendi que sabático não é sobre isso mas lá atrás falei que um dos objetivos do sabático era entender os outros porém, nesse processo, entendi muito mais sobre mim mesmo do que sobre os outros. Entendi que sou um iconoclasta clássico — uma pessoa que destroí ícones, um questionador compulsivo (esse daqui não é novo) e um pesquisador mas não apenas aquele que foi diplomado pela UFCG mas um pesquisador social, uma pessoa que gosta de conhecer pessoas diferentes e busca nelas e nas suas interações o sentido do mundo ser como é.

Entendi também que sou mais feliz na esculambação que é o Brasil e entre os meus amigos. Isso não quer dizer que eu vou parar de viajar, muito pelo contrário. Quero viajar muito e sempre mas quero ter meu lugar. Mesmo que esse lugar seja como sempre foi Maceió pra mim, meu porto seguro cheio de idas e vindas.

Nova etapa, novos projetos, novas habilidades
Como comentei no último texto, a Etiene Dalcol me lembrou que desenvolver novas habilidades era um dos objetivos do sabático ainda lá em Barcelona. Passei uns dias pensando nisso e entendi que esses projetos seriam muito difíceis de desenvolver na Europa, então comecei a idealizar eles aqui no Brasil mesmo. Não posso divulgar eles pois preciso de aprovações que não dependem só de mim para que eles cheguem a ser possíveis mas posso dizer que os próximos meses serão focados em aprender a lidar com madeira e agricultura.

Sobre esses textos que tanto me ajudaram nesse período, eu posso dizer que ainda tenho dois textos para fazer mas daqui pra frente estarei mais focado no agir, no estudar pra desenvolver essas novas habilidades mas ficarei feliz em trazer os frutos dessa nova etapa para cá também.

E quero agradecer…
Conversei com várias pessoas sobre o que faz as pessoas a tomar decisões difícieis de sair da zona de conforto e encarar as incertezas da vida. Encontrei vários amigos e amigas que toparam isso de frente e, apesar de não ter sido fácil, conseguiram conquistar seu espaço e a palavra que eu achei que melhor descreve tudo isso é inconformismo. Então, nesse texto eu quero agradecer ao meu inconformismo (ou como eu chamei no primeiro texto: minha petulância) por ter chamado atenção pra essa necessidade e que me trouxe até aqui. Muito obrigado, de verdade!

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